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Projeto





11º ENCONTRO NORTE-NORDESTE DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA











“DERRUBANDO “CORONÉIS” NA TERRA DO SOL: A FORMAÇÃO DOCENTE E SEU PAPEL SÓCIO-POLÍTICO TRANSFORMADOR”




























Maceió
Setembro de 2013
11º ENCONTRO NORTE-NORDESTE DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA











“DERRUBANDO “CORONÉIS” NA TERRA DO SOL: A FORMAÇÃO DOCENTE E SEU PAPEL SÓCIO-POLÍTICO TRANSFORMADOR”








Projeto do 11º ENNOEPe











Maceió
Setembro de 2013
Realização:
v Estudantes de Pedagogia de Alagoas

Apoio:
v Centro Acadêmico de Pedagogia  Paulo Freire -CAPed- UFAL- Maceió
v Executiva Alagoana de Estudantes de Pedagogia- ExAEPe
v Universidade Federal de Alagoas- UFAL- Campus A.C. Simões























v  1.APRESENTAÇÃO
            O ENCONTRO NORTE-NORDESTE DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA- ENNOEPe, é um espaço político-acadêmico onde estudantes de Pedagogia das regiões Norte e Nordeste do país tem a possibilidade de trocarem suas experiências acadêmicas, bem como discutir as bandeiras de luta do curso, sendo este um espaço deliberativo do Movimento Estudantil de Pedagogia- MEPe.
            Este ano Maceió sediará o encontro, deliberação ocorrida no 32º Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia- ENEPe, que foi realizado na cidade de Belém do Pará, na Universidade Federal do Pará- UFPA, onde apresentamos a proposta e conseguimos por ampla maioria dos votos sediar este encontro. Após o 32º ENEPe, estudantes de todo o território alagoano se reuniram para construir o encontro, e sendo apresentada a proposta de tema, decidiu-se pelo título “ DERRUBANDO “CORONÉIS” NA TERRA DO SOL: A FORMAÇÃO DOCENTE E SEU PAPEL SÓCIO-POLÍTICO TRANSFORMADOR”, a ser sediado na Universidade Federal de Alagoas entre os dias 27 de janeiro e 1 de fevereiro de 2014, no Campus A.C. Simões.
            A temática do encontro tem por finalidade provocar e destacar os principais “coronéis” que ainda existem nos solos nortinos e nordestinos, e que oprimem a população a gerações, através não apenas do poder político das famílias e suas oligarquias que mandam e desmandam descaradamente nas ações “políticas”, mas também a cultura construída e que está impregnada na sociedade, onde coronéis como o Estado, analfabetismo, machismo, homofobia, despotismo, politicagem, elitismo oligárquico, sexismo, coronelismo e apadrinhamento compõe uma cultura de enorme descaso e imposição sobre a população, que cada vez mais sofre e amplia seu estado enquanto classes marginalizadas e subalternas perante a um dualismo perverso de uma pequena elite dominante.
            Assim, dando enfoque na formação docente, discutiremos como o papel dxpedagogx, tem importância na transformação social por uma sociedade onde não existam “coronéis” que determinam e regram a atual “ordem social”, uma vez que enquanto agentes sociais, o nosso papel torna-se essencial no rompimento com essa ordem e basilar no processo de desconstrução no ambiente onde esta ordem se institucionalizou e é reproduzida a cada dia: a escola.
v  2.OBJETIVOS
- OBJETIVO GERAL:
- Promover e fomentar espaços de discussão sobre a situação da formação docente e seu papel na atualidade enquanto contribuinte de um processo de transformação social;
- OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Analisar e problematizar as bases legais em âmbito nacional no que tange as propostas e organização curricular do curso de Pedagogia;
- Debater sobre as políticas educacionais e seus objetivos para a Educação Básica;
- Discutir a formação docente perante as políticas estatais, bem como trocar experiências e informações sobre os currículos acadêmicos para o nosso curso;
- Fortalecer e ampliar os espaços de discussão sobre e contra o PNE;
- Refletir a partir dos aspectos culturais, sociais e políticos, como a escola tem exercido seu papel enquanto instituição de formação humana.

v  3.EIXOS TEMÁTICOS
            Os eixos temáticos terão como base a proposta de tema do encontro, bem como situará os Grupos de Trabalho- GT´s do evento. Segue os eixos:
- Formação Docente;
- Currículo, Didática e práticas transgressoras;
- Educação Popular;
- Estado e Políticas Educacionais;
- Estudos Culturais e Educação;
- Educação, Gênero e Sexualidade;
- Educação e Movimentos Sociais;
- Educação e Relações Étnico-raciais;
- Movimento Estudantil.

v  4.INTRODUÇÃO
            Voltando os nossos olhares para a nossa região e analisando o seu histórico, percebemos que a construção da sociedade brasileira em especifico a nordestina, foi traçada e objetivada por um determinado grupo que já demonstrava interesses específicos, de acordo com a própria política existente na época.
            Logo no século XVIII, a figura do coronel, antes dono de engenho e que perpetuavam (e perpetuam) suas famílias no poder, se corporifica então como principal símbolo de dominação e expressão do poder com mais vigor nas regiões norte-nordeste. A partir dessa concepção política de divisão territorial e apropriação oligárquica das nossas terras, criou-se então uma cultura antes de tudo banhada por um dualismo perverso: dominantes x dominados.
            Podemos e devemos desde já lançar os seguintes questionamentos: por que falar de coronelismo em nossos tempos? Quais os coronéis que perduram até hoje? Quais os novos coronéis? O que nós enquanto docentes temos a ver com isso? Para que o projeto deste encontro discorra sobre estes aspectos históricos e principalmente sobre estes questionamentos, apresentaremos como a formação destx agente social (x pedagogx) tem importância na construção de uma mudança epistemológica social.
v  5.UM BREVE HISTÓRICO: QUEM MANDA AQUI SOU EU!
            Elcio Gusmão de Verçosagrande pesquisador e educador alagoano, remonta em seus estudos, como as oligarquias foram introduzidas no Brasil , bem como houve uma grande influência posteriormente, nas relações interpessoais na educação do país. O mesmo em uma de suas obras aponta que o próprio passado condena o presente que temos.
            A invasão das terras caetés ocorreu com mais força na terceira década dos anos 1500, onde as famílias já estavam sendo encaminhadas para territórios em que a coroa portuguesa já tinha ciência de possibilidade de geração de renda e lucro. Assim que avistaram em específico os territórios de Pernambuco- Alagoas, trataram logo de utilizar a mão de obra escrava para o roçado e a apropriação das terras em lotes familiares.
            Assim o latifúndio e o trabalho escravo tornam-se a base da economia regional, bem como será o determinante para a organização social vigente até os dias atuais. É válido destacar que a organização histórica e a formação da identidade do individuo dominante, passa claramente por uma construção histórica. No princípio senhor de engenho, posteriormente os coronéis, e por último os grandes fazendeiros e usineiros que dominam as nossas regiões, de forma extremamente despótica.
            Ou seja, o fator oligárquico reproduz e ganha mais força década após década, utilizando de ações e argumentos políticos acima de tudo.  Surge então o que Da Matta apud Verçosa (2006) denomina de ética da identidade ou lealdade vertical, traduzindo no fenômeno da obediência e do silenciamento, no qual os servos deviam lealdade aos seus senhores, e que os núcleos familiares eram redentores, mas também coercivos com aqueles que ousassem desviar da ordem social construída.
            Portanto, a figura do coronel se estabiliza enquanto o representante do poder político, econômico e social, determinando assim a ordem vigente implantada em nossas terras. Logo, a formação deste poderio, parte da base familiar e que o pai, submete todos demais ao seu comando, sendo a referência julgadora para todas as ocasiões.
6.   VIOLÊNCIA xRESISTÊNCIA – HISTÓRIA, CULTURA E SOCIEDADE
            A região nordeste foi marcada fortemente por este poderio oligárquico desde o período de sua colonização. Junto com isso e com este dualismo existente entre as classes, construiu-se um sentimento de revolta e anseio por liberdade e melhoria da qualidade de vida dos indivíduos que aqui viviam.
            Não é a toa que nestas regiões, surgiram movimentos e organizações que lutaram por suas vidas, dando seu suor e sangue para que as futuras gerações fossem libertas de uma escravidão exposta, mas ao mesmo tempo oculta da sociedade nortina-nordestina. Apropriando-se destes fatos, apresentaremos os coronéis que semearam a dominação cultural e que até hoje, persistem em assolar e extirpar vidas e sonhos da nossa população:
6.1- SOBRE RACISMO, NEGRITUDE E SUAS RELAÇÕES SOCIAIS
Sendo parte de uma região onde foi implantado o regime das capitanias hereditárias, a região nordeste é um acontecimento econômico que marcouno  roteiro da história  da sociedade brasileira  o rapto e a escravidão  da pessoa  negrx.  Referenciar a historiografia nordestina, pautada na abordagem das culturas afro-brasileiras e afro-alagoanas é de fundamental discussão, pois além de trazer elementos culturais contemplativos de povose elementos constitutivos da memória histórica, devem ser observadas desde um componente importante do saber local que contribui  como também  parte integrante da conjuntura  regional e nacional.
A diversidade da cultura africana é berço e base fundante da sociedade brasileira, fazendo assim queo coronelismo tão fortemente identificado na cultural nordestinanão sobreponha a  identificação do braço atuante do povo negrx e  sua força para contribuição de um dos mais significativos símbolos de resistência e luta contra a escravidão do povo negrx no país, vinda da figura de Aqualtune e de Zumbi dos palmares.
 A identidade alagoana tem sua marca gravada na riqueza cultural, precisa elucidar o papel dxnegrx dentro desta sociedade e sua atuação como tal, dentro de um contornoque ainda estabelece o perfil econômico “contemporaneamente agrário’’, ainda pautado nos ideais arcaicos dos coronéis modernos da sociedade vigente,  que tem sua gênese  no  período colonial da história do Brasil e se estabelece nas usinas hodiernas de cana de açúcar. 
No contínuo daconjunção étnico-racial, as tribos indígenas fixaramsua identidade em solo nordestino,   muitas delas estabelecidas em territórios  próximos ao Rio São Francisco, componente da história e da vida do povo nordestino em ambitos diversos de suas vidas, saberes das práticas aos elementos teóricos historicizados em canções e cordéis que retratam a literatura do nordeste através da vivência de uma diversidade de culturas e pessoas.
Esses saberesdevem ser rememorados e socializados partindo desde a importância do cumprimento da lei 10.639/03 ea lei 11.645/08 que, respectivamente,obrigam o ensino de histórica da áfrica e afro-brasileira como também da história dos povos indígenas, como também devem ser apreendidos como elementos cruciais da sociedade vigente, quebrando estigmas sociais negativos e referenciando suas contribuições no constructo da identidade nordestina e nacional.

            As práticas racistas acompanharam os invasores do nosso país através do olhar eurocêntrico. Ao chegarem ao nordeste brasileiro, primeiro local a sofrer desses males, a vinda do povo africano promove um divisor para as relações sociais constituídas no país. Os “motores humanos” dos coroeis de engenho de nossa região, resistiram durante mais de três séculos a esse período cruel que infelizmente é reproduzido pelas instituições e práticas do cotidiano. Tendo como maior exemplo de resistência, o QUILOMBO DOS PALMARES e as figuras de Aqualtune, Ganga Zumba e Zumbi, só reforçam o quanto a necessidade do reconhecimento pelo humano e construção de um mundo sem desigualdades, são envolvidas fortemente pelos aspectos que envolvem as relações raciais.
6.2- CORPOS EM DOMÍNIO: OPRESSÕES E PRECONCEITOS A SEXUALIDADES E GÊNERO
            Além da questão racial, um marco que atinge não apenas o nordeste, mas, o mundo, são as relações de gênero que não entendidas como algo identitário do humano, assume-se o preconceito perante as diferenças sobre orientação sexual ou, por sexo. Infelizmente nossa região aparece no topo do ranking da violência de agressão e morte contra mulheres e homossexuais. A estrutura familiar consolidada no período de colonização e que é reproduzida até hoje, nos expõe como e qual o papel dos homens e mulheres foram construídos em meio à sociedade nordestina. A figura do homem enquanto ser mentor e portador da voz e da verdade é traços bastante contemporâneos. A mulher dita como “sexo frágil” fraca, incapaz e que deveria se submeter ao homem e cuidar de seus filhos, também não sumiu do discurso do nosso cotidiano.
            O que nós enquanto futurxseducadorxs temos a ver com isso? Bem, a reprodução dos papeis sociais transpassa os espaços educativos sem dúvida alguma, bem como algo que a escola perdeu (ou nunca teve) ao longo de sua história: o debate sobre a diferença enquanto categoria base de nossa sociedade. Silva (2011) afirma que a configuração da identidade e a marcação da diferença implicam, sempre, em algumasoperações que terminam no ato de incluir ou de excluir. Como vimos, dizer "o que somos" significa também dizer "o que não somos". A identidade e a diferença se traduzem, assim, em declarações sobre quem pertence e sobre quem não pertence (coisas pessoais e sociais), sobre quem está incluído e quem está excluído. Afirmar a identidade significa demarcar fronteiras, significa fazer distinções entre o que fica dentro e o que fica fora. A identidade está sempre ligada a uma forte separação entre "nós" e "eles".  Se tratando do ambiente escolar, existe uma enorme demarcação de fronteiras entre professor e aluno, e certa dificuldade na construção do dialogo entre os dois.
            Uma didática que envolve essas questões necessita estimular a dinâmica da perturbação, do questionamento, da subversão e da transgressão entre as identidades existentes. Uma didática e uma pedagogia da diferença devemser capazes de ampliar  o campo da identidade para as estratégias que tendem a colocar seu congelamento e sua estabilidade em xeque: hibridismo, nomadismo, cruzamento de fronteiras, homossexualidade, lesbianidade, questões sociais e relações étnico raciais ( no caso da educação infantil, a própria construção do EU como pessoa e agente ativo na sociedade). Trabalhar com afinidade as questões de identidade, o impensado e o arriscado, o inexplorado e o ambíguo, em vez do consensual e do assegurado, do conhecido e do assentado. Ou seja, ultrapassar e romper todas as barreiras do eu existentes na escola (e que a mesma reproduz essas identificações), para que possamos pensar no EU não idêntico.
6.3- CULTURA DO SILÊNCIO: OLIGARQUIAS, LATIFÚNDIO E QUESTÃO AGRÁRIA
Senhores donos da Terra
Juntais vossa rica tralha
Vosso cristal, vossa prata
Luzindo em vossa toalha.

Juntais vossos ricos trapos
Senhores Donos de terra
Que os nossos pobres farrapos
Nossa juta e nossa palha
Vêm vindo pelo caminho
Para manchar vosso linho
Com o barro da nossa guerra:
E a nossa guerra não falha!
Nossa guerra forja e funde
O operário e o camponês;
Foi ele quem fez o forno
Onde assa o pão que comeis
Com seu martelo e seu torno
Sua lima e sua torquês,
Foi ele quem fez o forno
Onde assa o pão que comeis.
Vinícius de Moraes
            Como vimos anteriormente, a sociedade capitalista está dividida em classes sociais antagônicas, sendo a classe exploradora (dona dos bancos, fábricas, das terra-latifundiários) e a classe explorada (o operariado ou proletariado). Segundo Lênin, o sistema capitalista atinge sua etapa superior, o imperialismo, a partir do final do século XIX, passando a regime de monopólios, sendo assim, partilhados os territórios entre as grandes potências capitalistas, sendo divididas em nações opressoras e oprimidas.
O imperialismo é o aprofundamento das relações de dominação do capital monopolista sobre a vida econômica e consiste, em sua essência, na divisão do mundo entre países opressores e oprimidos, sustentada no domínio do capital financeiro, na exportação de capitais e na política colonial (LÊNIN apud SOUZA, 2010).
No Brasil, o desenvolvimento do capitalismo foi marcado por importantes particularidades, oprimido pelo imperialismo (especialmente o norte-americano), sustenta as mais atrasadas relações caracterizadas como semifeudais. Atrasada, a nossa sociedade se divide não apenas em duas classes sociais, burguesia x proletariado, mas também em latifundiários x camponeses pobres. Esse tipo de capitalismo engendrado em nosso país é o que Mao Tsetung denominou capitalismo burocrático, que á a forma que o capitalismo assumiu nos países dominados.
A questão agrária, no Brasil, está diretamente ligada, não apenas a formação das classes sociais, como também tem determinado o tipo de Estado “burocrático, corrupto e sanguinário” (LCP, 2006), sendo este necessário para a manutenção dos latifundiários, coronéis das terras, no poder, estado estes a serviço do imperialismo. As terras brasileiras eram de bem comum até a os europeus apossarem-se das terras no século XVI, em seguida essas terras foram dividas/partilhadas entre amigos e protegidos seus e em 1850, o Estado institui que a posse da terra só seria reconhecida através de sua compra com a Lei da Terra. Ao longo dos anos foi-se formando uma população de camponeses explorados pelos senhores das terras ao lado dos escravos. Basbaumexplica que na implantação desse novo sistema confundiam-se e misturavam-se o capitalismo, o escravismo e o feudalismo.
Basbaum (1986, p. 140) ressalta que “confundiam-se, neste novo sistema, a empresa capitalista, o trabalho escravo e a economia feudal”, explicando que esse tipo diferente de economia criou uma nova classe, que ele chama de “burguesia-feudal escravocrata”, que se tornara “senhor de todas as coisas e todos os seres, com poderes de vida e de morte até mesmo sobre os membros de sua família que alguns autores chamam carinhosamente de patriarcalismo” (apud SOUZA, 2010).
Segundo Souza, toda essa estrutura semifeudal se mantinha porque além dessa classe ser proprietária das terras e dos meios de produção, ainda possuía o poder político para garantir seus interesses. A Lei da Terra apenas vem aprofundar essas relações feudais.
A alta concentração de terra no país vem se acentuando na medida em que o capitalismo penetra no campo. Segundo o IBGE 2006, “As diferenças verificadas na área dos estabelecimentos agropecuários continuam a caracterizar a manutenção da desigualdade na distribuição de terra no País nos últimos censos agropecuários”, dizem os técnicos. Enquanto os estabelecimentos rurais de menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7% da área total ocupada pelos estabelecimentos rurais, a área ocupada pelos estabelecimentos de mais de 1.000 hectares concentra mais de 43% da área total, tendo o maior índice de concentração de terra em Alagoas.
A alta concentração de terra no Brasil tem contribuído para a manutenção a agravamento da crise econômico-social historicamente, ao sustentar esse tipo de capitalismo burocrático, contribuindo decisivamente para a obtenção de lucros para a burguesia-latifundiários, sendo hoje uma “fonte geradora da massa de excluídos” (LCP, 2006). Essa exclusão consequente da concentração de terra tem colocado milhões de famílias de camponeses em situação de extrema miséria, provocado inchaço nas grandes cidades, marginalização, fome e violência permanente sobre os pobres do campo.
Os camponeses enfrentam uma sistemática e prolongada violência do velho Estado reacionário brasileiro junto com os jagunços dos latifúndios. O quadro abaixo mostra a selvageria da ação repressiva do Estado combinado com o braço aramado do latifúndio.
            Não podemos esquecer uma questão importante nessa discussão que é o problema indígena, que é o problema de minorias oprimidas por esse velho Estado de grandes burgueses e latifundiários serviçais do imperialismo, mas essas populações dos povos originários dessas terras são resultados de uma heroica resistência contra toda a cultura de dominação, exploração, destruição e genocídio desse Estado.
Souza (2010) resume a questão agrária em nosso país em algumas contradições de classe no campo que são o aumento da concentração de terras e das relações semifeudais, aumento da monocultura e expansão do latifúndio de novo tipo, expulsão dos camponeses, aparente disputa entre agricultura camponesa e latifúndio, aumento da violência no campo e crescente criminalização dos movimentos de luta pela terra.
É necessário destruir completamente o latifúndio em nosso país, derrubar os coronéis, estabelecer novas relações de produção baseadas na cooperação, romper com o elo de dominação que oprime nosso povo, rechaçar a intervenção e controle exercido pelo Estado e construir a Nova Democracia libertando nosso povo da exploração e opressão.
O que teme o imperialismo? Teme a Revolução, a guerra popular, pois o campesinato provou historicamente sua combatividade e capacidade revolucionária. E num país semicolonial e semifeudal é uma força fundamental para desencadear esse processo. (SOUZA, 2010).
v  7.ASPECTOS POLÍTICOS: AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS SOB O COMANDO DE (VELHOS) NOVOS CORONÉIS
Autores como (LEHER, 2012; LIBÂNEO, 2011; OLIVEIRA, 2006), apontam sobre o perigo da influência das políticas e dos financiamentos do Banco Mundial e suas intervenções nas políticas educacionais em vários projetos. Cabe-nos, portanto, nos questionar: qual o interesse do Banco Mundial na educação? Por que o Estado é utilizado como aparato naimplementação de suas orientações e políticas? Leher(2012, p.25), argumenta que:
A educação é o maior instrumento para o desenvolvimento econômico e social. Ela é central na estratégia do Banco Mundial para ajudar os países a reduzir a pobreza e promover níveis de vida para o crescimento sustentável e investimento no povo. Essa dupla estratégia requer a promoção do uso produtivo do trabalho (o principal bem do pobre) e proporcionar serviços sociais para o pobre.

            É preocupante verificarmos que a educação está sendo norteada e financiada por órgãos que visam à lógica e a reprodução do capital (TORRES, 2006). O Programa Geração Saber é signatário, em termos de diretrizes e normas, das prerrogativas e orientações do Banco Mundial e da Declaração de Jontiem – “Compromisso Todos pela Educação”, ao constituir-se enquanto uma política educacional de mobilização de toda a sociedade em prol da educação (ALAGOAS, 2009, p.7). Além dos organismos já supracitados, recebe financiamento, principalmente, do PNUD, ao atender as suas orientações e seguir seu receituário. Esta não serve de base apenas para o Programa Geração Saber de Alagoas, mas, para toda a política desenvolvimentista do país, isto em virtude de que o Brasil tem uma das principais secretarias do PNUD em todo o mundo, servindo esta como modelo para os demais países periféricos (MACHADO; PAMPLONA, 2010).    
Dessa forma é possível afirmar que as relações econômicas e políticas estão sendo articuladas dentro do aparelho estatal, sendo o Estado a ponte de ligação entre os órgãos políticos e sociais e os organismos de financiamento, quando se trata do planejamento e construção de programas e planos. Figueiredo nos aponta que:
[...] a dinâmica da relação econômico-política, que perpassa as negociações e envolvem os interesses nacionais e internacionais, inclui a participação dos estados no processo, para justamente definir as ações que estão condicionadas às orientações e propostas prescritas pelo Banco Mundial. (FIGUEIREDO, 2009, p.1127).

Assim, os estados são utilizados como base para a implementação das políticas do Banco Mundial, lembrando que essa conjuntura de influência de tais organismos deve-se a acontecimentos que envolvem as políticas educacionais em âmbito mundial como a Conferência de Jontiem e o Consenso de Washington. Este consenso permitiu que organismos como o Banco Mundial realizassem relatórios com indicadores sociais, políticos, ideológicos e econômicos para a educação (ROBERTTSON, 2012). Além deste fato, os programas ditos educacionais surgem em meio a crises econômicas em determinadas regiões ou em escalas nacionais e internacionais, sendo um instrumento do Banco Mundial de fortificar a política neoliberal como argumenta Roberttson (2012, p. 295).
            O estado neoliberal atribui essa ideologia e prática, se apoiando em instituições da Terceira Via, isentando-se de sua responsabilidade e compromisso com o social e opúblico, deixando-se invadir por uma lógica privatista e mercadológica, norteada por organismos financiadores, sendo manipulado e manipulando toda uma massa,através de seus programas e projetos em áreas diversas de interesse e compromisso público.
            A partir do momento em que o estado possibilita a entrada do Terceiro Setor, mormente, na área da educação, a apropriação mercadológica se concretiza e se corporifica nas próprias políticas educacionais. A visão privada subverte a pública, como expõe Fernandes apudPeroni (2011, p.28) o Terceiro Setor designa “um conjunto de iniciativas particulares com um sentido público”.As parcerias estatais com organizações não governamentais para cumprir atividades do Estado se caracterizam como política afirmativa da ideologia neoliberal, impossibilitando a democracia na educação e a garantia de princípios educacionais verdadeiramente democráticos e sociais.
v  7.1- NOSSA FORMAÇÃO EM JOGO: PEDAGOGIA PARA...
(FICA OU SAI???)

8.REFERÊNCIAS
A luta camponesa se prepara para entrar numa nova etapa. Disponível em: http://resistenciacamponesa.com/jornal-resistencia-camponesa/edicao-n-19/431-a-luta-camponesa-se-prepara-para-entrar-numa-nova-etapa?highlight=YToxMTp7aTowO3M6MTQ6ImNvbmNlbnRyYcOnw6NvIjtpOjE7czoyOiJkZSI7aToyO3M6NToidGVycmEiO2k6MztzOjI6ImRvIjtpOjQ7czo2OiJicmFzaWwiO2k6NTtzOjE3OiJjb25jZW50cmHDp8OjbyBkZSI7aTo2O3M6MjM6ImNvbmNlbnRyYcOnw6NvIGRlIHRlcnJhIjtpOjc7czo4OiJkZSB0ZXJyYSI7aTo4O3M6MTE6ImRlIHRlcnJhIGRvIjtpOjk7czo4OiJ0ZXJyYSBkbyI7aToxMDtzOjk6ImRvIGJyYXNpbCI7fQ==. Acesso em: 20 nov. 2013
Brasil agrário retratado pelo Censo Agropecuário 2006. Disponível em: Acesso em: 20 nov. 2013
SOUZA, Marilsa Miranda de.Imperialismo e educação do campo: uma análise das políticas educacionais no Estado de Rondônia a partir de 1990.Tese (Doutorado em Educação Escolar) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara, 2010.
LEHER, Roberto. Um novo senhor da educação? A política do Banco Mundial para a periferia do capitalismo. Acessado em Janeiro de 2013.
Disponível em: http://xa.yimg.com/kq/groups/23657956/1112812656/name/Leher-Um+novo+senhor+da+educa%C3%A7%C3%A3o.pdf

LIBÂNEO, José Carlos. O dualismo perverso da escola pública brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres. ScientificElectronic Library Online, Educ. Pesqui. vol.38 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2012 EpubOct 21, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151797022011005000001&lang=pt. Acessado em: Dezembro de 2011.
LIGA DOS CAMPONESES POBRES. Nosso caminho. Goiânia: Coordenação das Ligas de Camponeses Pobres, 2006.
NEVES, Lúcia Maria Wanderley. A nova pedagogia da hegemonia:estratégias do capital para educar o consenso. São Paulo. Ed: Xamã, 2005. ISBN: 85-7587-047-5.

OLIVEIRA, R. Agências Multilaterais e a educação profissional brasileira. São Paulo: Alínea, 2006.

PERONI, Vera. Políticas Educacionais em tempos de redefinições no papel do Estado: implicações para a democratização da educação. Organizadores: Vera Maria Vidal Peroni e Alexandre José Rossi. -  Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS, Gráfica e Editora UFPEL, 2011.

ROBERTTSON, Susan L. A estranha não morte da privatização neoliberal na Estratégia 2020 para a educação do Banco Mundial. Revista Brasileira de Educação- Ago. 2012. Disponível em :http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v17n50/v17n50a03.pdf.
Acessado em janeiro de 2013.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
VERÇOSA, Elcio de Gusmão. Cultura e Educação nas Alagoas: história / histórias. 3ª ed. Maceió: EDUFAL, 2001.

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